
A perda de cabelo é mais do que uma simples questão estética – é um reflexo de processos biológicos complexos que envolvem hormônios, fatores genéticos e um campo emergente da ciência: a epigenética. Se você já se perguntou por que alguns homens perdem cabelo enquanto outros mantêm fios densos por toda a vida, a resposta está na interação entre esses elementos. Vamos explorar como esses fatores influenciam a calvície e o que a ciência revela sobre novas estratégias para preveni-la.
O Papel dos Hormônios na Miniaturização Capilar
Os hormônios sexuais, especialmente a testosterona e sua conversão em di-hidrotestosterona (DHT) pela enzima 5α-redutase, desempenham um papel central na regulação do ciclo capilar. Esse processo ocorre com mais intensidade nas regiões frontal e superior do couro cabeludo, resultando na miniaturização progressiva dos fios – o que caracteriza a alopecia androgenética (AGA). O DHT se liga a receptores androgênicos na papila dérmica, desencadeando reações inflamatórias que aceleram a perda capilar.
Curiosamente, esse hormônio não afeta todos os pelos do corpo da mesma forma. Enquanto promove a queda no couro cabeludo, também estimula o crescimento em áreas como a barba e o tórax. Isso ocorre porque diferentes folículos capilares respondem de maneira distinta aos andrógenos. Nas mulheres, o estrogênio exerce um papel protetor, mas sua redução após a menopausa pode levar a um aumento significativo da queda capilar.
Genética, Epigenética e Novas Perspectivas Terapêuticas
A ciência avança e revela que a predisposição genética para a calvície não é um destino absoluto. A epigenética – que regula a ativação ou desativação de genes ao longo da vida – também desempenha um papel crucial na expressão dos genes ligados à miniaturização capilar. Estudos com gêmeos idênticos demonstram que fatores como alimentação, estresse e exposição ambiental podem modular a expressão desses genes, reforçando a importância do estilo de vida na saúde capilar.
Diante desse cenário, novas abordagens terapêuticas vão além dos tradicionais bloqueadores hormonais e incluem:
Inibidores de enzimas epigenéticas, que modulam a expressão genética associada à calvície.
Uso de ativos naturais, como polifenóis e cafeína, que demonstram potencial no bloqueio do DHT.
Terapias baseadas no microbioma do couro cabeludo, que buscam equilibrar a saúde do ambiente capilar.
O Futuro da Tricologia e a Necessidade de Mais Pesquisas
Apesar dos avanços, muitas perguntas ainda precisam de respostas. O impacto da alimentação, do estresse e de outros fatores ambientais sobre a epigenética capilar precisa ser mais estudado. Além disso, a falta de pesquisas sobre o uso de tratamentos naturais e seu efeito na regulação hormonal limita o acesso a alternativas terapêuticas inovadoras.
Compreender melhor as interações entre hormônios, epigenética e perda capilar abre caminhos para abordagens mais eficazes e personalizadas. Profissionais da área devem se manter atualizados para oferecer aos pacientes soluções embasadas cientificamente, alinhadas às descobertas mais recentes.
À medida que a ciência avança, a queda capilar pode deixar de ser um problema inevitável. Você já explorou todas as opções disponíveis para preservar a saúde do seu couro cabeludo?
Referências: Inoue K, Aoi N, Suga H, et al. Current Understanding
and Treatment of Sex Hormone-Related Hair Loss: Role of Follicular Conversion
and Epigenetics. J Invest Dermatol. 2024;144(5):1132-1145.
doi:10.1016/j.jid.2024.01.006.
Dr. Jhonatan Neto
Diretor Técnico Educacional da Hallon Dermocosméticos
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